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11/03/2022 10:37:58 - Dia Mundial do Rim: Nefrologista da Santa Casa alerta sobre a importância do diagnóstico precoce da doença renal crônica

Boa parte da média mensal de 200 pacientes que os serviços municipais de Saúde da região encaminham para consultas no ambulatório do Hospital do Rim da Santa Casa de Araçatuba tem alguma alteração significativa nas funções renais.

“Essa realidade seria bem menor se durante uma consulta anual de rotina, fossem realizados exames de creatinina e urina 1 que oferecem informações importantes sobre a condição renal”, afirma o nefrologista Guilherme Ugino.

Integrante da equipe médica do Hospital do Rim, Ugino explica que o diagnóstico precoce possibilita ao paciente receber acompanhamento e orientações adequadas e tratamento das complicações que a doença renal pode apresentar ao longo do tempo.

“Com isso pode evitar e retardar a necessidade da terapia renal substitutiva (hemodiálise e diálise peritoneal), situação que ocorre via de regra quando o rim passa a funcionar em proporções muito baixas em relação às condições normais”, diz o nefrologista.

Ele explica que quando os rins estão funcionando com menos de 15% da capacidade de filtragem, “o médico já passa a considerar a necessidade do paciente ser submetido à terapia substitutiva”.

A importância do diagnóstico precoce e a educação sobre a doença renal crônica em todos os setores de saúde são os temas que a International Society of Nephrology (ISN) e Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) destacam na Campanha do Dia Mundial do Rim que será comemorado neste sábado (12/3).

De acordo com a SBN, mesmo com a estimativa de que em 2040 a doença renal crônica possa ser a quinta maior causa de morte no mundo, existe uma persistente lacuna de conhecimento sobre a doença, que não tem sido preenchida.

Na campanha deste ano, a SBN chama a atenção para a necessidade de incentivo para a se adotar estilos de vida saudáveis como por exemplo acesso à água potável, exercícios, dieta saudável e controle do tabagismo, e a necessidade de os serviços de saúde priorizarem o rastreio de doenças renais e intervenção de cuidados de saúde primários incluindo o acesso a ferramentas de identificação como análises da dosagem da creatinina e exames de urina.

“A doença renal crônica, na maioria das vezes, não apresenta sintomas. É silenciosa e infelizmente muitos pacientes só conseguem detectar através de exames para avaliação da atividade renal”, informa Ugino.

Diabetes e Hipertensão

Dentre os 320 pacientes que realizam terapia renal substitutiva no Hospital do Rim um índice expressivo tem Doença Renal Crônica em decorrência do diabetes, hipertensão arterial ou ambas.  Estes fatores também estão presentes em número significativo dentre pacientes que também perderam as funções renais por envelhecimento ou outros tipos de doença cardíaca.

A Doença Renal Crônica é a diminuição lenta e progressiva (durante meses ou anos) da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue.  No caso dos diabéticos, a insuficiência renal é chamada de nefropatia diabética e resulta da longa exposição dos rins à glicemia elevada.

Os rins tanto podem ser vítimas quanto causadores da hipertensão arterial. Quando não tratada ou tratada de maneira inadequada, a hipertensão pode lesar vasos renais provocando a perda progressiva da função excretora dos rins.

O tratamento adequado dessas doenças e exames clínicos regulares para monitorar a creatinina são essenciais aos pacientes desses grupos.

Hospital do Rim

O avanço destas doenças crônicas dentre a população dos 40 municípios que têm a Santa Casa de Araçatuba como referência de tratamentos de Nefrologia pode ser avaliado pelos fluxos do Hospital do Rim.

Inaugurado em 2014 com 27 máquinas para diálise, 180 pacientes e média de 1,8 mil sessões de hemodiálise por mês, o Hospital do Rim possui hoje 50 maquinas para atender 320 pacientes/mês.

A média mensal de sessões passou para 3,6 mil em 2022.  Do total, 96,5% dos pacientes são do Sistema Único de Saúde.

Para atender a demanda de pacientes que precisam fazer hemodiálise três vezes por semana, a unidade funciona em   três turnos que começam às 5h30 e vão até às 20h30. A terapia dura em torno quatro horas, tempo necessário para que o sangue dos pacientes seja limpo e filtrado através de máquinas.

O Hospital do Rim também atende 30 pacientes que fazem diálise peritoneal, técnica em que a filtragem do sangue é realizada através da introdução de uma solução de diálise na cavidade peritoneal através de um cateter implantado na barriga. A diálise é feita pelo próprio paciente em sua casa, mas a indicação depende de avaliação do nefrologista e das condições clínicas do paciente.

O serviço se destaca pela excelência da equipe médica e de profissionais de enfermagem e multidisciplinares. O responsável técnico é o nefrologista Luiz Claudio Andrades Lima. A unidade possui quatro médicos que possuem títulos de especialistas em Nefrologia.

Transplantes

O transplante é a esperança que move a maioria dos pacientes que dependem de sistemas artificiais de filtragem do sangue para continuar vivendo. Dos pacientes atendidos pelo Hospital do Rim, 70% têm perfil para entrar na fila nacional de espera por um rim.

Até 2020 no período que antecedeu a pandemia do coronavírus, 105 pacientes conseguiram realizar o sonho de realizar o transplante. “Porém por causa das restrições impostas pela pandemia a quantidade de transplantes foi reduzida e infelizmente a fila de espera não parou de crescer”, informa Ugino.

Doença Renal Crônica

A doença renal crônica (DRC) se caracteriza pela lesão irreversível nos rins, mantida por três meses ou mais, afetando uma em cada 10 pessoas no mundo e com taxas crescentes de acometimento na população. Quando diagnosticada de forma precoce, sua progressão pode ser controlada ou retardada, na maior parte dos casos.

A DRC pode ser grave, sobretudo quando evolui para estágios avançados, quando são necessários tratamentos como a diálise e o transplante renal. No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o número de pacientes com DRC avançada é crescente, sendo que atualmente mais de 140 mil pacientes realizam diálise no país. 

 

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