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22/11/2022 16:08:33 - Dia de Combate ao Câncer Infantojuvenil: Sinais e sintomas recorrentes precisam ser considerados, alerta especialista da Santa Casa de Araçatuba

No Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil (23/11), O Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba alerta sobre as formas de identificar sinais da doença e a importância do diagnóstico precoce em relação às chances de cura. O câncer infantojuvenil é o grupo de neoplasias malignas que acomete pacientes entre 0 a 18 anos.

 “ É muito importante os pais estarem sempre atentos à febres continuas, prolongadas e  de origem indeterminada, ou seja, o paciente não apresenta nenhum motivo,  como uma infecção por exemplo; emagrecimento sem justificativa, principalmente se corresponder a mais de 10% do peso de base da criança;  manchas roxas e caroços pelo corpo, principalmente na barriga; devem ser investigados como suspeita de câncer infantojuvenil”, informa a onco-hematologista pediátrica Cibele  Cristina Castilho, que atua no Centro de Tratamento Oncológico (CTO) do hospital.

A especialista  explica que  na infância e adolescência os cânceres são diferentes em relação aos  que são comuns dentre os adultos, “por isso nós sempre tratamos do assunto de forma separada  já que são doenças peculiares e especificas”, diz  Cibele Castilho ao elencar os cinco tipos de câncer com maior incidência nessa faixa de idade: Leucemia, Tumores do Sistema Nervoso Central (SNC) Linfomas, Neuroblastomas( câncer da glândula suprarrenal) e Nefrobastoma  ou Tumor de Wilms ( câncer que  origina no rim).

Dados do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) indicam que as leucemias agudas representam aproximadamente 30% dos diagnósticos de câncer em menores de 15 anos, sendo considerado o câncer mais comum nessa faixa etária. Já as neoplasias do SNC correspondem a 20% de todos os tumores na infância, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Consultas regulares com o pediatra que acompanha o desenvolvimento da criança são importantes na identificação de sintomas, ainda que sutis. “Nesse ponto ressaltamos que é muito comum os pais terem receio de procurar um oncologista pediátrico por medo de receber um diagnóstico positivo, que entendemos o quanto é sofrido e nenhuma família deveria passar por isso. Porém, é importante que qualquer suspeita precisa ser investigada e avaliada, pois possibilita um diagnóstico precoce o que aumentará a chances de cura”, alerta a oncologista pediátrica.

A dona de casa V, de Mirandópolis está lutando para reverter as consequências de um diagnóstico de câncer, que em sua opinião “foi lento para ser descoberto”. Sua filha M, de 9 anos está em tratamento de uma leucemia diagnosticada há quatro meses quando foi encaminhada em quadro clinico grave para Santa Casa de Araçatuba para investigar um quadro de febre persistente e baixa contagem nas plaquetas.

:De acordo com o relato da mãe, alguns sinais começaram bem antes desta crise. “Sempre aparecia uma íngua aqui, outra ali, ela tinha febre que repetia sempre. Eu levava no hospital e falavam que era virose ou outra coisa e isso retardou e muito o diagnóstico”. Há mais cinco meses, M. passou a sentir dores na perna e ter febre alta. Foi internada no hospital de Mirandópolis sob diagnóstico de infecção no fêmur. “Passou 15 dias internada em tratamento para essa infecção. Dois dias depois de receber alta voltou a ter muita febre e manchas roxas no corpo”, relembrou V.

De volta ao hospital, passou por exames que relevaram baixa contagem das plaquetas inicialmente associada à uma suspeita   de Dengue, descartada dias depois, quando então decidiu-se pela transferência para Santa Casa de Araçatuba, que confirmou tratar-se de uma Leucemia.

Internada na instituição, M. está passado por alguns procedimentos. “Pelo tratamento que está recebendo, a doutora disse que ela poderia ter melhorado mais. Mas pelo menos as plaquetas pararam de baixar e ela não teve mais febre”, afirmou a mãe, que está esperançosa e confiante com a indicação de transplante de medula óssea. Amostras de seus outros dois filhos, um de 19 anos e outro de 5 anos e de outros familiares já foram coletadas e estão em análise de compatibilidade. “Estou com fé de que ela será curada. Isso não pode faltar, né?”, afirmou V.

“Atualmente o câncer infantojuvenil tem muitas chances de cura. De acordo com estatísticas nacional e internacional, em torno de 80% dos casos são curáveis e com certeza alguns são mais curáveis que os outros, e um dos fatores que aumenta as chances de cura, é o diagnóstico precoce”, afirma a a oncologista pediátrica.

Cibele Castilho explica que “quando passamos a ter uma quantidade menor de doença a ser tratada a chance de cura é muito mais real. Além disso, possibilita uma redução de efeitos colaterais no tratamento que tende a ser menos agressivo”.

Estrutura de Tratamento

O Centro de Tratamento Oncológico da Santa Casa de Araçatuba é habilitado para tratar a maioria dos cânceres infantojuvenis, exceção apenas dos tumores ósseos e oftalmológicos. No período janeiro-novembro deste ano, o CTO registrou 78 pacientes infantojuvenis, dentre casos de primeira consulta, tratamento, acompanhamento e consultas pós-cura.

A média de tempo de tratamento varia em relação ao tipo de câncer sendo de 1 a 3 anos. “Atualmente temos vários pacientes em acompanhamentos fora de terapias, ou seja, já trataram e venceram o câncer e hoje fazem apenas acompanhamento”, informa a oncologista pediátrica.

A estrutura do CTO é ancorada pela especialidade de Oncologia Pediátrica que dispõe de equipe multidisciplinar voltada para o tratamento do câncer infantojuvenil, sendo formada por médicos especialistas clínicos e cirúrgicos e radioterápicos, e uma rede de suporte que envolve desde a terapia intensiva à nutrição infantil, psicologia, fisioterapia em ambiente hospitalar e farmácia especializada.

“Importante ressaltar que o CTO tem acesso aos centros mais avançados e na necessidade de tecnologias que ainda não estão disponíveis na Santa Casa de Araçatuba, o paciente é referenciado para continuidade do tratamento nesses centros” finaliza a médica.

Sinais  e Sintomas

A oncologista pediátrica Cibele Cristina Castilho indica sinais e sintomas de câncer infantojuvenil

Febre de origem indeterminada, ou seja, a febre aparece e o paciente não apresenta nenhum motivo, nenhuma infecção. Atenção se for uma febre mais prolongada.

Emagrecimento sem justificativa, principalmente se corresponder a mais de 10% do peso de base da criança.

Aparecimento de caroços pelo corpo principalmente na barriga e/ou manchas roxas pelo corpo que não correspondam a quedas ou pancadas acidentais; massas endurecidas com crescimento rápido em qualquer região do corpo; e inchaço na região dos olhos.

Manchas brancas nos olhos:  recomendo sempre tirar fotos das crianças com flash; se aparecer uma mancha branca é um sinal de alerta de câncer de olho.

Sangramentos espontâneos, dores de cabeça com vômitos ou de perda de equilíbrio e coordenação motora; perda de força muscular; dores ósseas que incapacitam a criança de brincar ou a leva a começar a mancar; e palidez que surge de forma inexplicada e sem uma causa justificável.

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