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22/12/2024 17:22:27 - Paciente com deficiência auditiva e de fala recebe atendimento em Libras na Santa Casa de Araçatuba

Expressar o que está sentindo e ouvir explicações sobre o quadro clínico são fundamentais tanto para um paciente internado quanto para a equipe multidisciplinar responsável pelo tratamento. Porém, para um paciente com deficiência auditiva ou de fala, ou ambas, essa comunicação, que é primordial para uma visão holística, é prejudicada, podendo retardar resultados e impactar o emocional.

Era o que estava acontecendo com o paciente Luiz Antônio dos Santos, 53 anos. Encaminhado pelo Pronto Socorro Municipal, no dia 19 de novembro, em um quadro grave, com situação clínica a ser investigada, ele precisou ser intubado devido a um desconforto respiratório.

“Os exames mostraram que se tratava de um quadro de insuficiência renal aguda e ele passou a ser tratado pela equipe de Nefrologia, que indicou a necessidade de colocação de cateter para realização de hemodiálise”, relembra a enfermeira Ariadne Zanchetta, responsável técnica pelo Setor de Enfermagem da Santa Casa de Araçatuba.

Após a extubação, o paciente se manteve agitado por muito mais tempo do que normalmente ocorre após a retirada dos instrumentos da ventilação mecânica, e a equipe de enfermagem não conseguia estabelecer a interação necessária para ajudar na estabilização emocional do paciente. O motivo: Luiz Antônio é uma pessoa com deficiência auditiva e de fala.

Foi então que a coordenadora da Unidade de Internação 2-A, enfermeira Joice Tatiana Bortoletti, lembrou de uma colaboradora que é intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). “A Joice teve a sensibilidade de procurá-la e pedir que intermediasse a comunicação entre o paciente e a equipe multidisciplinar”, informa Ariadne Zanchetta.

A especialista na linguagem gestual-visual é a técnica de enfermagem Nathalia Oliveira Caldas, que trabalha na Santa Casa de Araçatuba desde 2014 e atualmente atua no Serviço de Hemodinâmica. Há 20 anos, ela fez o curso de Libras, em Ribeirão Preto, e há 7 anos atua no Ministério de Libras da Igreja Amor e Cuidado.

“Naquele primeiro contato, o paciente estava ansioso porque queria entender o que estava acontecendo, o que ele tinha e por que precisaria continuar internado”, detalha a intérprete de Libras. Através dos sinais, Nathália explicou que, por causa da insuficiência renal crônica, ele precisaria fazer hemodiálise a cada três dias, mas, por falta de vagas no Hospital do Rim, teria de permanecer internado para garantir a realização das sessões.

“Ele ficou mais aliviado com as explicações e confortável para pedir comida: arroz, feijão, carne e frango”, detalha Nathália Caldas ao avaliar que esse primeiro contato fez bem ao paciente. Como forma de contribuir, a equipe de enfermagem responsável pelo setor aprendeu sinais de Libras para as rotinas diárias com o paciente, como, por exemplo, os gestos para expressar dor, fome, sede, tristeza, etc.

“Ajudar na acessibilidade e inclusão desse paciente no ambiente hospitalar foi muito gratificante. Ele pôde entender que, para voltar para casa bem, precisaria permanecer internado por mais tempo”, afirma a técnica de enfermagem, que está a poucos dias de concluir o curso de Enfermagem, e ficou gratificada pela oportunidade de realizar, em seu ambiente profissional, uma atividade que já desempenha na igreja onde congrega. “Cuidar faz bem”, completa.

Foi a primeira vez que um paciente com deficiência de fala e audição foi atendido na Santa Casa de Araçatuba por meio de interpretação em Libras. E, dependendo da Responsável Técnica do Setor de Enfermagem, a experiência de Nathália com o paciente Luiz Antônio terá mais desdobramentos. “Isso trouxe para nós a necessidade de capacitar os profissionais de enfermagem para atuarem em outras situações como essa.” Nathália Caldas foi convidada para ministrar um treinamento à equipe de enfermagem. “Essa capacitação contribuirá para atingirmos uma visão holística dos pacientes com essas deficiências”, informa Ariadne Zanchetta.

Para ela, o ocorrido com o paciente Luiz Antônio não foi um mero acaso. “Sinto que isso é um chamado de Deus para garantir aos pacientes algo a mais que medicações e outros cuidados de assistência. Quando está internado, na maioria dos casos, o paciente só tem a equipe de enfermagem ao seu alcance. Conseguir dar a esse paciente os cuidados que suas emoções e necessidades humanas requerem é muito gratificante.”

 

Nota da redação: O paciente consciente e orientado autorizou a exposição do caso e a veiculação de sua imagem constante no vídeo  e fotos em anexo

 

 


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